A juventude atual- dizem muitos- é mais autentica que a de
antigamente. Talvez tenham razão. Mas não a têm no sentido em que eles pensam,
pois acham que a autenticidade consiste em entregar-se sem tabus à onda do
prazer, dos desejos e dos instintos. Não. A juventude atual - pelo menos, a
melhor parte dela – é autêntica por que sabe que os paladinos da falsa
“liberdade” da geração anterior, e os seus herdeiros atuais historicamente
disfarçados, os enganaram e continuam a enganá-los, quer na mídia, quer na
escola, quer no lar.
A juventude atual é autentica por que se sente insatisfeita
com as falsificações que a geração “Woodstock” lhes impingiu, e já não se impressiona
mais com os berros, os seus chavões e a sua “sinceridade” de comedia. A geração
atual sente a sede do “essencial”, do Deus que lhe foi furtado pela orgia
ideológica materialista. A juventude atual- o que há de melhor nela - sente, ou pressente, que o homem só será
autentico quando se encontrar a si mesmo, e que não há modo algum de se
encontrar a si mesmo, a não ser encontrando a Deus.
Por isso, não causa estranheza a experiência que o escritor
britânico Paul Johnson estampou há dois anos numa crônica publicada pelo The
Sunday Telegraph de 7.04.96. Johnson acabava de participar, dando uma
conferência, do congresso Univ 96, que reuniu em Roma 1.200 universitários, de
52 paises. Era o dia 30 de março. No dia seguinte, 31 de março, Johnson
participou também, desta vez com 2.000 estudantes, de uma Missa e de um
encontro com o Papa – “ um movimento jovial e barulhento”-, e redigiu a crônica
do evento. Vale a pena ler um excerto da mesma.
“No domingo de ramos (31 de março), o papa celebrou uma
Missa na Praça de São Pedro. Umas trezentas mil pessoas enchiam a praça e a
longa avenida que conduz a ela. Viam do mundo inteiro, e eu calculo que mais de
três quartas partes tinham entre 15 e 25 anos. O sol apertava. A Missa era
longa[...].
“os jovens escutavam e repodiam cantando com que Yeats
chamava “ apaixonada intensidade”. A sua paciência, fervor, profundo silencio,
bem como as suas aclamações entusiásticas quando o Papa se dirigia a eles, tudo
atestava a extraordinária capacidade desse homem – desprezado pelos lideres
ateus britânicos como “um ancião polaco”- de cativar a juventude.
“A que de deve isso? Segundo os critérios materialistas da
nossa época, o Papa não tem nada que oferecer a juventude [...]. A sua mensagem
é o reverso absoluto do materialismo com o qual, segundo dizem, sonha a gente
jovem. Ele dize-lhes que se guardem do sucesso neste mundo. Adverte-os de que o
sexo é um dom de Deus, com vistas a finalidades elevadas, cujo mau uso é pecado
e pode ser desastroso. Pede-lhes que guardem a castidade fora do matrimonio e a
fidelidade no matrimonio [...].
“É frequente jugar que a melhor maneira de atrair os jovens
é bajulá-los. Este é o enfoque da burguesia comercial, que vende de porta em
porta as suas mercadorias, e o dos magnatas da televisão a procura de
audiência, imitados por políticos sem escrupos e clérigos com freguesias minguantes[...].
“ Alguns jovens, infelizmente, rejeitam qualquer dimensão
espiritual[...]. |Mas muitos mais sente necessidade do divino. Rejeitam o mundo
em que os valores materialistas são os únicos. Anseiam por uma interpretação
espiritual da vida. E, ao faze-lo, pedem um evangelho que ensista nos mais
altos valores da cunduta, que faça claras distinções entre o bem e mal, que
exija sacrifícios e advirta que o caminho é pedregoso, duro e longo. Querem uma
religião apropriada para santos e mártires. E é isso exatamente o que pregava o
Beato João Paulo II. Amava os jovens, mas não auterava o seu tom e o seu
conteúdo para adapta-los aos critério dos marketing. Tratava-os como tratava a
todos: como pessoas espiritualmente maduras, intelectualmente rigorosas,
capazes de profundos ideais e de sonhos elevados”.
Fonte:Livro Autenticidade e cia.
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