NOVA IORQUE, 11 de maio (C-FAM) O
governo britânico deu 268 milhões de dólares para o governo da Índia para uma
campanha que esteriliza a força mulheres e homens pobres, de acordo com o
jornal Guardian. Essa notícia chega no momento em que a Fundação Bill &
Melinda Gates se prepara para ser co-anfitriã de uma cúpula de planejamento
familiar com o governo britânico em Londres neste julho.
Melinda Gates recentemente
descartou a ligação entre programas de contracepção e controle populacional num
discurso que lançou sua nova iniciativa. Com o título de “Nada de Polêmicas”, a
campanha dela tem a intenção de “mudar o debate global em torno do planejamento
familiar” não levando em conta sua ligação com o aborto, coerção e imoralidade,
e colocando a atenção no acesso universal.
Na mesma época, o Supremo
Tribunal da Índia ouviu evidência de esterilizações coercivas em massa em
condições imundas.
Homens e mulheres são ajuntados
como gado em acampamentos rurais improvisados para serem esterilizados, muitos
deixados em dor com pouca ou nenhuma assistência. Algumas mulheres,
esterilizadas enquanto estão grávidas, sofreram abortos espontâneos. Algumas
foram subornadas com menos de 8 dólares e um sari, outras ameaçadas de perder
seus cartões de racionamento. Algumas morreram de operações malfeitas.
Homens e mulheres analfabetos não
descobriram o verdadeiro propósito das operações até tarde demais. Numa região
visada pelo governo britânico, uma esposa de 35 anos de um trabalhador pobre,
grávida de gêmeos, morreu de hemorragia.
Clínicas receberam bônus por
fazerem mais de 30 operações por dia. Funcionários não governamentais eram
pagos por cada pessoa que convenceram a passar por uma operação. Um cirurgião
que trabalha num prédio escolar cometeu 53 operações em 2 horas com equipes sem
qualificação, sem água corrente e nenhum meio de limpar o equipamento.
A “obsessão” de alcançar as Metas
de Desenvolvimento do Milênio da ONU empurrou a Índia a instituir
esterilizações coercivas, noticiou o Global Post in 2010.
“Há uma grande pressa de determinar de novo
objetivos de cima para serem seguidos por todos. E isso está de novo criando
problemas”, disse A.R. Nanda, ex-ministra da saúde da Índia.
“Quando criamos um sistema de
incentivos, ele privilegia uma solução sobre a outra e os incentiva a cortar
despesas”, disse Abhijit Das, o diretor do Fórum Healthwatch.
“E tivemos experiências muito
ruins com isso no passado”.
A esterilização é o método mais
comum de planejamento familiar usado pelo Programa de Saúde Reprodutiva e
Infantil Fase II iniciado em 2005 com financiamento da Inglaterra.
Relatos de 2006, 2007 e 2009
elaborados pelo governo indiano alertaram sobre o problema com o programa,
comentou o The Guardian. Contudo, em 2010 o Ministério de Desenvolvimento
Internacional da Inglaterra recomendou apoio incessante. Uma das razões
principais era lidar com a mudança climática. A redução de seres humanos
reduziria os gases estufa. O ministério admitiu que há “complexas questões de
ética e direitos humanos” envolvidas em programas de controle populacional.
Apesar dos avisos, a Inglaterra
não colocou condições em seu financiamento.
A cúpula da Inglaterra e da
Fundação Gates tem como objetivo coletar “compromissos e recursos políticos sem
precedente… para atender às necessidades de planejamento familiar de mulheres
nos países mais pobres do mundo até 2020”, declarou o Ministério de
Desenvolvimento Internacional, o órgão que financiou a campanha de
esterilização da Índia.
A taxa de fertilidade da Índia é
de 2,62. As pressões para reduzir a fertilidade e em prol de famílias menores
coincidem com a deterioração do desequilíbrio de mais meninos do que meninas no
país.
Fonte: Julio Severo
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