A eucaristia está na origem e no centro do culto
cristão e, consequentemente, é o centro da vida interior de cada fiel. As
formas devocionais que dela surgem, inspiradas pelo Espírito Santo, vão-se
desenvolvendo com o correr dos tempos. A Igreja e o seu Magistério, por sua
vez, introduzem-nas na liturgia, ou autorizam sua prática privada.
É certo que a instituição da Eucaristia é recordada
de modo especial na Missa da Ceia do Senhor, quando Cristo Senhor ceou com os
seus discípulos e lhes entregou o Sacramento do seu Corpo e Sangue, para ser
celebrado na Igreja. Mas nesta solenidade, propõe-se à piedade dos fiéis o
culto de tão salutar Sacramento para que as maravilhas de Deus nele
significadas e realizadas mediante o mistério pascal, aprendam a participar do
Sacrifício Eucarístico e a viver dele mais intensamente, venerem a presença do
Senhor neste Sacramento e por dons rendam a Deus as devidas ações de graças.
Um pouco de história:
Esta festa é produto da devoção eucarística
medieval ocidental; surgiu para afirmar a presença real contra os erros de
Berengário de Tours e foi estendida a toda a Igreja pelo papa Urbano IV em
1264. A motivação apologética que determinou o surgimento da festa constituiu
também o seu limite de conteúdo: atenção à presença real considerada de modo
muito independente do mistério eucarístico total.
A reforma do Vaticano II, com a denominação mais
completa dada à solenidade (menciona-se não apenas o corpo, mas também o sangue
de Cristo) e com uma maior riqueza de textos bíblicos e novos prefácios à
escolha, quis exprimir uma visão do mistério eucarístico que leve em conta
todos os seus aspectos. Não devemos esquecer que a antiga e mais genuína
espiritualidade, antes da polêmica contra os erros de Berengário e dos
protestantes, via na Páscoa o dia eucarístico por excelência.
Os textos da celebração:
A liturgia da palavra no Ano C apresenta a
eucaristia no sinal do pão e do vinho, para a vida dos homens. Ao texto do
Gênesis (14, 18-20), com a oferta do pão e do vinho feita a Abrão por Melquisedec,
figura de Cristo, corresponde o Evangelho da multiplicação dos pães (Lc 9,
11-17), com o milagre lido em chave eucarística. O texto da Primeira Carta aos
Coríntios (11, 23-26) nos dá o significado sacramental e sacrifical da ceia do
Senhor: esse pão é o corpo de Cristo, dado por nós; esse cálice é a nova
aliança no sangue de Cristo. Toda vez que se come este pão e se bebe este
cálice, anuncia-se a morte do Senhor até que ele venha.
A presença real-substancial de Cristo na
eucaristia, lembrada por esta solenidade, deve ser vista enquanto nasce da e na
celebração da missa, prolongando-se também depois, mas sem nunca perder a sua
relação essencial com o sacrifício.
Na solenidade do Corpo e do Sangue de Cristo
realiza-se também a procissão, que remonta a um tempo antes do século XIII.
Desse modo, se expressa também, de modo solene, o culto da eucaristia fora da
missa; de fato, mesmo que este sacramento tenha sido instituído como nosso
alimento, não é por isso que diminui o dever de adorá-lo.
A Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue do Senhor
é um comprometimento pessoal e comunitário com a vida de Cristo, dada por nós
até a morte. É o memorial da morte e ressurreição do Cristo; é um memorial
vivo, no qual assimilamos o Senhor, mediante a refeição da comunhão cristã,
saboreando um antegosto da glória futura.
Padre Dorival Souza Barreto Júnior
Fonte:www.catedralmoc.org.br
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