Em vários países da África e do
Oriente Médio, a cristofobia é uma realidade dramática, que faz — atenção! —
milhares de vítimas. Hoje, com absoluta certeza, muitas pessoas foram
assassinadas apenas porque são… cristãs.
Curiosamente,
ou nem tanto, boa parte dos intelectuais do Ocidente, especialmente os da
esquerda europeia, discutem a “islamofobia”. Onde mesmo o Islã é perseguido
hoje em dia??? As restrições impostas, por exemplo, na França a símbolos
religiosos — a famosa questão do véu — valem também para os cristãos, proibidos
de ostentar crucifixos em escolas.
Tenho
notado um crescente movimento nesta direção: para desqualificar um adversário e
não responder a suas eventuais ponderações, basta acusá-lo de “religioso”. Até
agora, não vi uma resposta eficiente a uma questão que me parece central no
debate: qual é o mínimo de vida fora do útero materno que se considera razoável
para não matar o feto? “Ah, não me venha com sua crença!” O que há de
religioso na minha pergunta?
Não,
senhores! A questão não é “apenas” religiosa, não! Estamos escolhendo em que
sociedade queremos viver e decidindo o que é e o que não é moralmente legítimo
fazer com o humano. Desprezar como “coisa da religião” os valores cristãos num
debate como esse corresponde, aí sim, ao triunfo de um fundamentalismo. Sim, eu
estou empenhado em algumas causas que considero justas e humanas. Uma delas é
combater, por exemplo, a crescente popularização de teses eugênicas sob o
pretexto de que não se pode impor sofrimento às famílias e às crianças por
nascer.
Infelizmente,
a cristofobia chegou também ao Supremo. A separação — que ninguém questiona —
entre Igreja e Estado e a laicidade desse estado estão sendo usadas como
pretexto para desqualificar qualquer óbice moral — por mais legítimo que seja —
apresentado pelos cristãos, como se as religiões concentrassem apenas valores
ligados à fé e ao mundo transcendental e não trouxessem consigo um razoável
estoque de valores humanistas.
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Por Reinaldo Azevedo
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